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Depoimento da Senhora Joecy Lied Zatti (Dona Jóia)

Na época da Rádio Floresta, cujo diretor era Antonio Gonçalves, eu tinha um programa nesta rádio, à tarde, denominado «Da mulher para a mulher», que era levado ao ar semanalmente.Nele, eu dava receitas de doces e salgados e respondia à perguntas formuladas através de cartas.Contava histórias para as crianças encerrando o programa com uma prece de Hora da Ave Maria.

Lembro também de Antônio como componente do Centro Artístico e Cultural. Ótimo cantor, e também ator, formamos um trio musical, composto por ele Osvaldo Tissot e eu.

Poderia registrar que em suas atitudes cotidianas, Antônio Gonçalves da Silva foi sempre muito responsável. Além disso, mantinha um constante bom humor, atributos que implantou `a sua condição de pioneiro do radiofonia em Gramado. Acrescento, ainda, que foi um grande e inesquecível amigo meu e de toda minha família.

Depoimento de Silvia Zorzanello

Com menos de 15 anos, fui convidada por Antônio Gonçalves para participar de uma rádio-novela, que seria levada ao ar pela Rádio Floresta.Ele me selecionou no Centro Cultural onde, a convite de Adail Castilhos um dos fundadores do Centro referido, eu declamava lindas poesias. Entre elas, uma que fez muito sucesso na época e cuja autora era minha tia Jóia, falava do Natal e da dor de um pai que não tinha dinheiro para comprar uma boneca! Posso lembrar, a propósito, de um tempo em que ainda muito cedo os jovens eram chamados a colaborar em eventos locais diversos. Isto nos deu maturidade e compreensão a respeito de espírito participativo, tão importante para o desenvolvimento de uma comunidade e, sobretudo, uma vivência muito rica em oportunidades. Lá fui eu me sentindo muito importante, ao lado de minha amiga Vera Bisol, de Paulo Pante e do próprio Antonio, quando ao vivo fazíamos rádio-teatro. Tínhamos uma audiência incrível, a qual atestava a importância que as pessoas davam, na ocasião, para as coisas feitas por gente da terra! Entre elas, meu maior fã era meu avô Augusto Zatti. Ele não perdia um só capitulo, encantado com sua neta que atuava na emissora de rádio. No velho prédio do Hotel Fisch, com as suas instalações precárias, poucos microfones para tanta gente, criatividade na sonoplastia e muito boa vontade, era colocado no ar o sonho de Antônio Gonçalves. Como lideranças estudantis da época Vera Bisol, Garibaldi Ferreira do Santos e eu, usávamos a Rádio Floresta para fazer debates, mesas redondas e discussões diversas de interesse dos jovens. Neste sentido, a emissora prestou inestimável serviço, favorecendo o crescimento e o desenvolvimento de toda uma geração responsável, até hoje, pelos destinos de Gramado, nos mais diversos setores de atuação. Fico feliz por essa oportunidade de reconhecer publicamente o trabalho e a dedicação de Antônio Gonçalves que escreveu seu nome em uma cidade que não era sua de origem, a qual, porém, amou tanto quanto os maiores apaixonados por ela.
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Depoimento de Jair Teixeira

Antônio Gonçalves das Silva, quando deixou Cachoeira do Sul com destino à Gramado, veio para ficar. Boêmio por excelência, nas horas de folga fazia parte de rodas de samba em locais escolhidos da cidade. Ele, os irmãos Osvaldo e Nelson Tissot e Luizinho Couto, filho de um funcionário do Banco do Comércio, fundaram um harmonioso e excelente conjunto vocal, que alegrava os clubes e bares da cidade. Roberto Sperb notável centroavante do Centro Esportivo Gramadense, freqüentemente, com seu violão, às vezes anexava-se ao conjunto, nele introduzindo músicas românticas, de seresta e algumas modinhas de origem portuguesa. Rádio Floresta Depois do advento do Serviço de Alto-falantes, Antônio conheceu em Nova Petrópolis um transmissor de rádio em funcionamento, montado por técnico daquela cidade. Juntando-se ao amigo e competente rádio-técnico gramadense Rineu Benetti, Antônio, fez surgir o primeiro transmissor de rádio, montado, instalado e posto em funcionamento em Gramado. A programação da emissora era coordenada pelo próprio Antônio Gonçalves, e cobria a zona urbana, algumas zonas rurais de Gramado e até pontos do município de São Francisco de Paula. Contudo, ele estava sempre ouvindo a opinião de pessoas amigas e representativas da cidade entre as quais Romeo Riegel, então locutor profissional em emissora de Porto Alegre, o antigo seresteiro e amigo da noite Adail de Castilhos e a sra Joecy Lied Zatti, cuja voz lembrava a de Dalva de Oliveira. A Rádio Floresta com uma programação apoiada em musica popular brasileira, caiu na simpatia do povo gramadense, chegando a um nível de até encenar peças de rádio-teatro, no que se destacou a voz grave e melodiosa de Lindolfo Ruschel. Um episódio Estávamos na época em que a imprensa de todo mundo noticiava as múltiplas deformações que o medicamento chamado Talidomida causava às crianças cujas mães, durante a gravidez, haviam consumido tal remédio Designado pelo Antônio, peguei um protótipo de gravador que eu possuía e, a pé e pela manhã,fui ao Hospital Santa Terezinha e realizei um entrevista, para ser apresentada ao meio-dia, com o Dr. Erico Albrech. Ele discorreu sobre as origens da Talidomida e os enormes perigos que representava.A entrevista foi ao ar, conforme planejado, e o inesperado, então, aconteceu. Ato contínuo à divulgação, muitas pessoas das zonas urbana e rural de Gramado, por telefone ou pessoalmente, conduzindo frascos de Saúde da Mulher, Biotônico Fontoura, Emulsão de Scott e outros medicamento populares que estavam usando: procuravam o Dr, Érico no consultório, no hospital e até em sua casa, para saber se deviam ou não continuar consumindo tais produtos. Foi por episódios assim ingênuos, pitorescos e retratos fieis de uma época que, tanto a Rádio Floresta quanto seu idealizador Antônio Gonçalves Silva, cada vez mais, tomam importância na História de Gramado. Eis um pequeno trecho de uma carta dirigida a Adail e Joecy no dia 05-01-1993, por Jair Teixeira.Na quietude da noite, dou asas a minha imaginação e vejo Roberto Sperb, Ivan Barbosa e Antonio Gonçalves. A luz pálida do ambiente sugere o luar. A atmosfera propicia a serenata e a confraternização. E as fortes emoções fazem-se presentes em encontros desse gênero. Encontro? Não! Reencontro de amigos, cujas vidas, entre nós, foram sempre embaladas pela música popular brasileira. Fechem os olhos e ouçam comigo os violões, que estão sendo afinados... Entre si, eles trocam informações, daqui e de lá... Até um certo Centro Artístico e Cultural está sendo lembrado, carinhosamente... Seus integrantes...Seu Piano... O sol, a lua, as estrelas, o céu, enfim, agora estão a serviço desses nossos três saudosos amigos. Descontraído, bem a vontade e olhando para os circunstantes, recém chegando Antonio diz... -“Meu Deus! Isto aqui é um paraíso... São Pedro, que em silêncio, não se contém. Faz da chave um triângulo e o “ziriguidum” toma conta do céu! Abraços.”Fechou-se o pano do palco, deixando atrás dele uma doce saudade que envolve todos que participaram da grande família que era o Centro Artístico e Cultural de Gramado.

Depoimento de Laerte Dutra

Trabalhei na década de sessenta, então com idade de 14 anos, na recém fundada Rádio Floresta de propriedade de Antônio Gonçalves. De inicio, era o carregador de equipamentos e o leva-e-trás da rádio, mas logo fui promovido a atuar na sonoplastia. Esta tarefa constituía-se em colocar as musicas nos toca-discos, abrir o microfone para o locutor no intervalo das musicas, afim de que o mesmo lesse as mensagens comerciais em textos previamente elaborados. A programação da rádio se iniciava às 6 horas estendendo-se até as 22 com intervalos durante o dia. A mim cabia o compromisso de abrira rádio todos os dias. Em diversas ocasiões o locutor escalado «queimava a pegada» e sobrava para mim fazer a leitura das mensagens programadas, já que tudo era ao vivo. Nessas eventualidades eu me sentia muito importante. Uma passagem que me vem à lembrança, embora não recorde com exatidão a data, foi a de que a rádio estava transmitindo propaganda eleitoral paga e uma lei recém aprovada disciplinava o horário político, que era gratuito. Por volta da 10 horas, em plena programação, vieram ao estúdio as autoridades eleitorais: Juiz de Direito; Promotor Público; Oficial de Justiça e um contingente da Brigada Militar com o fim de lacrar a rádio, além de levar para prisão os responsáveis pela emissora. Na ocasião o proprietário, que se encontrava no local, com a diplomacia que lhe era peculiar, convenceu o Juiz de Direito a reconsiderar sua decisão e tão somente lacrar o estúdio e o transmissor até o final das eleições e reabri-la após. O pitoresco desta narrativa é que a Radio Floresta era uma emissora fantasma ou pirata sem qualquer registro nos órgãos de comunicação. Mesmo assim, operava normalmente em nossa cidade com uma significativa audiência e sua grade de programação incluía programas de auditório, debates de toda ordem e até transmissão de jogos de futebol.
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Depoimento de João Romeu Dutra

Fui locutor da Rádio Floresta durante um ou dois anos. Lembro bem que os gramadenses da época tinham muito orgulho de sintoniza-la durante o dia e a noite, pois levava ao ar tudo que acontecia em Gramado. Eu desenvolvi na rádio a parte esportiva, contando o calor do campeonato estadual de amadores. Para realizar as transmissões tínhamos que deslocar para o estádio do Centro Esportivo Gramadense praticamente todos os equipamentos da emissora, criados pelo gênio de «Benetinho» que tão jovem nos deixou. Era uma verdadeira epopéia transmitir um jogo de futebol e o Antônio não media esforços para dar condições a que as transmissões se realizassem dentro da melhor qualidade. E nas geladas noites de inverno, transmitíamos da Sociedade Recreio Gramadense o campeonato de bolão, que reunia aficionados gramadenses em disputas de alta rivalidade, onde grupos como Quinze de Outubro, Castelo, Vampiros e tantos outros faziam grandes festas. Naquela época memorável também tive a oportunidade de apresentar, algumas vezes, nas tardes de sábado, nossa dupla de cantores Sertãozinho e Zé do Sul, então em grande evidência regional.

Depoimento de Iolanda Hartmann Facin

De volta ao passado. Recordar os dias felizes de minha juventude vividos em Gramado e resgatar as lembranças de amigos queridos foi uma grande satisfação. Meu nome é Iolanda Hartmann Facin, trabalhei como locutora na rádio Floresta no início da década dos anos sessenta.Morava em frente à rádio,em um antigo chalé do hotel Candiago. Tudo começou na apresentação da Academia Musical de Acordeon (prof.ª Helena ), da qual eu fazia parte.A apresentação foi na sociedade Recreio Gramadense.Lá estava a rádio Floresta que era o xodó do momento.Fui chamada pela profª. Helena para fazer a apresentação da turma, sendo apresentada ao sr. Antônio e ao sr. Rineu. Fiz a apresentação da turma e voltei ao meu lugar para me apresentar juntamente com minhas colegas.Lembro que a música da apresentação era: “se as folhas são verdes em pleno verão...” Depois das apresentações ficamos conversando.No final eles me convidaram para assistir um programa de auditório sábado à tarde. Fui assistir ao programa, e ,no final ,eles mostraram-me as dependências da rádio e convidaram-me para fazer um teste para locutora.Fui aprovada e no mesmo momento passei a fazer parte da equipe. Lembro do final da propaganda que li. Era mais ou menos assim: “onde você estiver lembrar-se-á que Xadrez Bar é um ambiente seleto e distinto da cidade Jardim das Hortências ... E num oferecimento de Xadrez Bar aos ouvintes desta emissora passamos a apresentar ...”.A partir daí o Romeu falava: “Revista Esportiva” .E seguia um programa voltado aos esportes. Seu pai era uma pessoa honesta , responsável e inteligente.Corria atrás de seus objetivos, em suma , era um lutador. Vivia rodeado de amigos e era admirado por todos. Quando não estava trabalhando na rádio estava procurando mais patrocinadores ou ensaiando com o seu grupo vocal. Não lembro quanto tempo trabalhei na rádio, mas acabei saindo porque meu pai foi transferido para São Gabriel. Saiba que foi um privilégio trabalhar com o seu pai. Um grande abraço. Iolanda Hartmann Facin
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Depoimento em áudio de Garibaldi Ferreira dos Santos

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